BIOGRAFIA

Wagner Tiso Veiga é um artista completo. Ao longo de seus 60 anos de carreira, o pianista, regente, compositor e arranjador, foi um dos responsáveis pela criação do Clube da Esquina, tocou e orquestrou para mais de 150 intérpretes diferentes, dentre eles, todos os grandes nomes da música popular brasileira, se apresentou em quase todos os países do mundo e hoje, possui uma obra com mais de 30 álbuns, inúmeras trilhas para cinema, TV e teatro, 2 peças sinfônicas completas e quase 200 arranjos musicais.

Nascido na cidade mineira de Três Pontas em 12 de dezembro de 1945, de família com origens ciganas do Leste Europeu, Wagner é filho de um bancário e de uma professora de piano, onde teve o primeiro contato com a música. Ainda criança, conheceu Milton Nascimento, fizeram juntos os estudos do acordeom e suas primeiras descobertas musicais, mudaram-se para Alfenas, e fortaleceram uma amizade que se mantém até hoje.

Iniciou sua carreira em 1958 no grupo W’s Boys, um conjunto que animaria os bailes da cidade, composto por Waltinho, Wilson, Wanderley e Milton Nascimento (que se apresentava como Wilton). Na década de 60 participou dos grupos Sambacana, os conjuntos de Edison Machado e Paulo Moura, e Berimbau Trio. Nesse período Wagner e Milton conheceram Marilton Borges e sua família, formando o embrião do Clube da Esquina, um dos maiores movimentos musicais do país, em que Tiso tocou órgão, piano, e arranjou músicas.

Em 1969, fez o arranjo e compôs Matança do porco, para a trilha sonora de Os deuses e os mortos, filme de Ruy Guerra, que representou o Brasil no Festival Internacional de Berlim. Além dele, mais de 30 filmes receberam suas trilhas, como Chico Rei (1984), O Boto (1987) e A ostra e o vento (1997), ambos de Walter Lima Júnior, Jango (1989), de Silvio Tendler, onde o tema do filme foi letrado por Milton Nascimento e se transformou na música hino das Diretas Já, Coração de Estudante, e O Guarani (1995), de Norma Bengell.
Na década de 70 criou, juntamente com Robertinho Silva, Tavito, Luis Alves, Laudir de Oliveira e Zé Rodrix, a banda de rock progressivo, Som Imaginário, tocando nos shows e gravações de Milton Nascimento. Em 1972, arranjou e orquestrou os discos Clube da Esquina e O Milagre dos peixes, de Milton Nascimento. Foi eleito, pela crítica especializada, o Melhor Arranjador de 1974 e de 1975. Em 1977 gravou seu primeiro disco solo, Wagner Tiso, com composições próprias, além de 2 músicas em parceria com Nivaldo Ornellas, e vocais de Milton Nascimento e da esplendorosa Maria Lúcia Godói.

Wagner, ao longo da sua vida, morou em vários países, onde também fez participações musicais com diversos artistas e orquestras sinfônicas locais. Gravou 3 discos na Suíça, e em 1974, participou da gravação do LP Flora Purim em Montreux, no mesmo país. Também gravou Native dancer, de Wayne Shorter, em Los Angeles. Morou na Espanha entre 1988 e 1989 e, em Portugal, por inúmeras vezes entre 1972 e 2000. Tocou com o Quinteto de Cello por toda Europa, como Dinamarca, Alemanha, Paris, etc.

Em 1979, lançou o LP Assim seja, produzido por Milton Nascimento, e nos anos 80 foram diversas gravações lançadas. O LP Trem mineiro (1980), Todas as teclas (1983), LP com César Camargo Mariano, o LP Coração de Estudante (1985), com participação de Milton Nascimento, o LP Os Pássaros (1985), Branco & preto/Preto & branco (1986), a coletânea Giselle (1986) e, com João Carlos Assis Brasil e Ney Matogrosso, gravou o LP A Floresta do Amazonas – Villa-Lobos (1987). Ainda em 1983, participou da Noite Brasileira, no Festival de Montreux, ao lado de Alceu Valença e Milton Nascimento, que resultou em um disco.

No final da década ainda lançou os LPs Manú Çaruê – Uma aventura holística (1988), com texto de Geraldo Carneiro e participações de Cazuza e Ritche, e Cine Brasil (1989). O show foi gravado ao vivo e lançado em LP. Os anos 90 também foram de intensa produção, com seis trabalhos lançados, entre eles o disco Wagner Tiso – Profissão: Música (1992), contendo apenas clássicos de outros autores, como Brasileirinho (Waldir Azevedo), Por causa de você (Tom Jobim e Dolores Duran) e Na Baixa do Sapateiro (Ary Barroso).
Lançou com Milton Nascimento, em 1999 o disco Debussy e Fauré com o Rio Cello Ensemble. O disco foi distribuído em bancas de jornal, acompanhado de uma revista contendo fotos e dados sobre sua trajetória artística. Em 2000, lança o CD Tom Jobim Villa-Lobos, também com o Rio Cello Ensemble. Em 2002 gravou com Zé Renato o CD Memorial, homenagem a Juscelino Kubitschek, e no ano seguinte o CD Tocar. Em 2004, lançou o CD Cenas Brasileiras, ao lado da Orquestra Petrobrás Pró-Música (OPPM), dirigida por Roberto Tibiriçá e gravada, ao vivo, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

Em 2005, comemorando 60 anos de vida e 45 de carreira, voltou ao Theatro Municipal do Rio de Janeiro com o show Um Som Imaginário, com uma banda formada por Itamar Assiére, Lula Galvão, Sérgio Barrozo, André Boxexa e Mingo Araújo, e também pela Orquestra Petrobras Sinfônica, tendo como regente convidado Carlos Prazeres, dividindo sua regência com Wagner. Participaram do espetáculo Milton Nascimento, Gal Costa, Cauby Peixoto, Paulo Moura, Uakti, Toninho Horta, Nivaldo Ornelas, Robertinho Silva, Luiz Alves, Victor Biglione, Tizumba e Guarda de Moçambique do Divino.

Lançou, em 2006, o CD e DVD Um Som Imaginário, registro ao vivo do espetáculo realizado no ano anterior. Já em 2007 foi a vez da coleção de quatro CDs intitulada Da sanfona à Sinfônica – Wagner Tiso 40 anos de arranjos, traçando um panorama da música Brasileira a partir da remasterização de gravações originais de suas orquestrações realizadas em 40 anos de trajetória. Lançou, em 2009, o CD Samba e Jazz – Um Século de Música, O disco contou com a participação de Nicolas Krassik (violino), Hermeto Pascoal (flauta), Nivaldo Ornelas (sax), Hamilton de Holanda (bandolim), Paulo Moura (clarinete) e Victor Biglione (guitarra), entre outros.

Em 2011, lançou o CD Outras canções de cinema, com composições de sua autoria em duo com Márcio Malard. Também compôs 2 peças sinfônicas completas, American nights, se apresentando junto às orquestras sinfônicas de Salvador e do Espírito Santo, e Cenas Brasileiras, que estreou no Theatro Municipal e já foi apresentada em diversas cidades do país. Também, o grupo O Som Imaginário retornou aos palcos, com formação diferente da original, com Wagner Tiso, Robertinho Silva, Tavito, Nivaldo Ornelas, Luiz Alves e Victor Biglione, novo integrante do sexteto, se apresentando, inclusive, em 2012 na Virada Cultural de Belo Horizonte, e na tradicional Virada Cultural de São Paulo.

Em 2014 entre outras apresentações, Wagner fez concerto com Antônio Zambujo e participou da Turnê “Uma Travessia” que comemorou a atividade musical os 51 anos de atividade musical de Milton Nascimento, com participação dos companheiros do Clube da Esquina. Também, se apresentou no Festival Internacional de Jazz e Bossa de Santa Teresa ao lado da Orquestra Sinfônica do Espírito Santo e, junto com o cantor e compositor Tunai subiram ao palco da Caixa Cultural São Paulo para apresentar pela primeira vez o show Saudade da Elis.

Entre 2015 e 2016, Wagner Tiso se apresenta com Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba) e inaugurou a “Casa Wagner Tiso Jazz Club” no Porto da Barra em Búzios, Região dos Lagos do Rio, onde reuniu grandes nomes da música e novos talentos. Além da dedicação à casa de shows, tocou com Orquestra Camerata Sesi, e o violoncelista tcheco Jan Zalud e seguiu se apresentando pelo Brasil e fazendo arranjos.
Dentre os diversos prêmios que o maestro já conquistou, se destacam o Prêmio da Ordem dos Músicos do Brasil, o Troféu Villa Lobos de melhor LP instrumental em 1994, melhor música original em 1987 pelo Rio Cine Festival, o prêmio de melhor música Golden Metais em 1991, prêmio Cineclube do Banco do Brasil de melhor trilha sonora em 1994, melhor música de longa metragem do Festival de Gramado em 2004 e, Festival Ibero-americano de cinema para melhor trilha sonora original em 2008.

Desde 2016, Wagner tem se apresentado em diversos formatos de shows, como regente convidado; em show solo, onde faz uma homenagem aos maiores compositores brasileiros; em duo ou trio com Victor Biglione e Marcio Malard, com músicas desde Villa Lobos, passando pela MPB e diversos chorinhos; também com Quarteto ou Octeto de Cello, apresentando desde clássicos populares a Debussy e Fauré; com a banda Som Imaginário, e as músicas que fizeram sucesso; com diversas orquestras dentro e fora do Brasil, apresentando suas 2 peças e arranjos variados e; ao lado de Tunai, com o show Saudade da Elis, onde se apresentou em quase todo o país, com diversas participações especiais.

Em 2018 realizou o primeiro Festival Internacional de Piano Solo – FIPS em Belo Horizonte com apresentações de vários pianistas renomados e premiação para os artistas revelação. Esta lançando seu primeiro Songbook, e criou ao lado de sua produtora Mariana Lisboa, o Instituto Wagner Tiso. O instituto nasce da vontade de compartilhar o conhecimento adquirido ao longo dos 60 anos de carreira do maestro Wagner Tiso, com interesse de compartilhar seu vasto conhecimento, não tendo a pretensão de erguer uma sede suntuosa para receber seus alunos, o maestro/compositor/arranjador/pianista decidiu unir-se a projetos sociais já estabelecidos, fortalecendo assim iniciativas sociais que nos dias de hoje são de suma importância na construção de oportunidades de carreiras solidas para jovens de baixa renda. Como a musica é o que nos representa, neste inicio de trabalho estamos nos associando a dois grandes projetos sociais, são eles: “Cidade dos Meninos Sa o Vicente de Paulo” e “Projeto Valores de Minas”.